Considerada uma das principais causas da infertilidade feminina, a endometriose é uma condição crônica que atinge uma a cada dez mulheres em idade reprodutiva, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia (SBE). “O útero é revestido na sua parte interna por um tipo de tecido chamado de endométrio. Ele permite, por exemplo, que o óvulo que foi fecundado pelo espermatozoide ali se instale se instale, gerando uma gravidez. Quando esse tecido se desenvolve fora do útero, em lugares da cavidade abdominal, como o peritônio pélvico, os ovários, bexiga intestino e reto, é diagnosticada a endometriose”, explica o médico ginecologista e professor de Medicina da Unic, Dalton Ferreira.
Assim como outras doenças, a endometriose pode se manifestar na forma leve, moderada ou grave. As formas leves, às vezes, podem ser acompanhadas, sem necessidade de medicamentos específicos. Nos casos em que há aumento das dores nas menstruações e o fluxo pode ficar mais intenso deve-se lançar mão dos medicamentos que aliviem esses sintomas. Nos diagnósticos mais graves podem ocorrer focos que atingem órgãos fora do sistema reprodutivo, como o intestino. “O endométrio fora do útero também cresce, causando hemorragias, inflamação e muita dor, na maior parte dos casos. Geralmente, o diagnóstico acontece quando a paciente tem em torno dos 30 anos”, destaca o especialista.
Dalton ressalta que todas as causas e sintomas devem ser acompanhados por um médico. “A orientação de um especialista de confiança faz toda a diferença, já que é preciso analisar o histórico de cada paciente para que o tratamento seja ditado de forma mais eficaz e precoce. Porém, toda mulher que apresenta dor pélvica crônica há mais de seis meses sem melhora com os tratamentos específicos, deve ser avaliada sobre a possibilidade de ter endometriose”, completa.
Por ser uma doença dependente de hormônios femininos, as formas de tratamento mais aplicadas envolvem o controle de tais hormônios. Com orientação e prescrição de um médico especialista, os medicamentos mais comuns são:
Analgésicos: O tratamento mais simples consiste em anti-inflamatórios, alguns dos quais de venda livre, que poderão controlar a dor pélvica;
Contraceptivos hormonais orais: As pílulas usadas de forma contínua (sem intervalo para hemorragia), podem controlar o ciclo menstrual e diminuir substancialmente a dor, por estabilizar também o tecido envolvido na doença;
Progestágenos: Podem ser administráveis por via oral, trimestral, sub dérmicos ou por um sistema intra-uterino;
Agonistas GnRH: Estes medicamentos inibem de forma temporária a estimulação do ciclo menstrual, simulando uma “menopausa” química, que é imediatamente reversível no final do tratamento. Consiste na administração de uma injeção mensal ou trimestral. Pelos seus efeitos secundários, essencialmente semelhantes aos da menopausa, este tratamento não é habitualmente usado mais do que seis meses e pode apresentar alguns efeitos colaterais semelhantes à menopausa que podem ser controlados com medicação específica.
Outra preocupação para as mulheres diagnosticadas é o medo de não alcançarem a maternidade, já que dados da SBE apontam que até 50% das mulheres com endometriose têm dificuldade em engravidar. Isto não quer dizer que a gravidez não seja possível, enfatiza o médico. “Quem tem endometriose pode engravidar naturalmente. Tudo depende da extensão da doença e dos órgãos e localizações envolvidas”, afirma.
Além da intervenção medicamentosa, há indicações muito específicas para cirurgia. Neste caso o método cirúrgico é através da videolaparoscopia, uma técnica minimamente invasiva onde se distende a cavidade abdominal com CO2, sendo feita de três a quatro incisões, onde se inserem a ótica e as pinças que permitem a visualização e intervenção nos órgãos pélvicos.