O tabagismo é a maior causa de câncer evitável do mundo, responsável pela maioria dos casos de tumores no pulmão e grande parte dos acidentes cerebrovasculares e ataques cardíacos mortais. Um hábito nocivo à saúde que ceifa em média 161 mil vidas por ano no Brasil e mais de 8 milhões de pessoas no mundo, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Organização Mundial da Saúde (OMS), respectivamente.
Além desse grave problema de saúde pública, evidências científicas recentes apontam que os fumantes têm maior risco de desenvolver a covid em estágio grave e morte pelo do que não-fumantes. Diante de um cenário de crise mundial em razão da pandemia – no qual a escassez de leitos se mostrou uma realidade perturbadora -, o Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) é duplamente importante para quem quer ou precisa parar de fumar. Uma decisão desafiadora, especialmente diante do atual momento de estresse social e econômico gerado pela pandemia.
Mas, esse cenário não pode ser um impeditivo, pois, de acordo com o oncologista Tiago Cerzósimo de Oliveira do Hospital São Mateus, em Cuiabá, o resultado da continuidade do vício tende a ser ainda pior. “Parar de fumar parece ser uma decisão muitas vezes impossível para quem possui esse hábito há muito tempo. As dependências psicológicas que o vício provoca geram sentimentos terríveis para quem pensa em parar de fumar. Mas tomar essa decisão é necessária, porque o cigarro se transformou na maior causa de câncer evitável do mundo, geralmente por conta de tumores no pulmão, acidentes cerebrovasculares e infarto fulminante”.
Tiago enfatiza, que as mais de 4 mil substâncias cancerígenas que existem no cigarro também são fatores de risco para cânceres fora do sistema respiratório, como o de cabeça, cérebro, pescoço, digestivo, bucal, além de poder afetar o sistema urinário, principalmente, os rins no caso de pacientes que fazem uso de medicamento controlado.
A pneumologista do Hospital São Mateus, Karla Moura, aponta que o tabagismo se transformou em um fator de risco para a covid-19. “Os pulmões fragilizados, e já comprometidos por conta da nicotina, do excesso de carbono e de uma série de outras milhares de substâncias que ficam impregnadas no órgão, está mais propenso a quadro inflamatório mais grave, sintoma que é característica importante da doença provocada pelo novo coronavírus”.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo e os custos dos danos produzidos pelo cigarro no sistema de saúde e na economia são de mais de R$ 125 bilhões ao ano. São mais de 161 mil mortes anuais que poderiam ser evitadas. Em relação às mortes anuais atribuíveis ao tabagismo, 37.686 correspondem à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 33.179 a doenças cardíacas, 25.683 a outros cânceres, 24.443 ao câncer de pulmão, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e 10.041 ao acidente vascular cerebral (AVC).
Dentre as mortes por cânceres de pulmão, pelo menos 80% são consequência do tabagismo. E esse percentual provavelmente é maior para o câncer de pulmão de pequenas células. Além disso, o tabagismo contribui para o desenvolvimento de vários tipos de câncer como leucemia mielóide aguda; câncer de bexiga; câncer de pâncreas; câncer de fígado; câncer de esôfago; câncer de rim e ureter; câncer de laringe (cordas vocais); câncer na cavidade oral (boca); câncer de faringe (pescoço); câncer de estômago; câncer de cólon e reto; câncer de traqueia, brônquios e pulmão.
Quais os benefícios de parar de fumar?
Além do bem-estar proporcionado após cessar o processo de intoxicação contínuo do corpo, de acordo com a OMS, alguns efeitos são praticamente imediatos, como por exemplo, em 20 minutos já diminuiu o ritmo cardíaco e abaixa a pressão arterial. Em até 12 semanas já é possível constatar melhorias na circulação sanguínea e aumento na função pulmonar.
Dez anos depois de parar de fumar, o paciente já reduz o risco para câncer, que volta a ser igual ao de um não fumante.